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Segunda, 01 Fevereiro 2016 22:00

Ativistas e funcionários do Ministério da Saúde participam de roda de conversa sobre travestilidade e transexualidade

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Encontro foi uma das ações realizadas pela pasta para marcar o Dia da Visibilidade Trans

Na semana que abriga o Dia Nacional da Visibilidade Trans – celebrado nesta sexta-feira (29/01) –, a ideia era colocar os funcionários do Ministério da Saúde diante da contundente realidade de quem decidiu assumir a própria transexualidade ou travestilidade num país como o Brasil, que atravessa agora uma fase de grande retrocesso quanto à aceitação de tudo o que ainda é considerado “diferente”. Promovida na tarde da última quarta-feira (27/01) pelos departamentos de DST, Aids e Hepatites Virais (DDAHV) e de Apoio à Gestão Estratégica (DAGEP), a roda de conversaTravestilidade e Transexualidade: você tem a ver com isso!quis trazer ao debate a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) e os principais avanços das políticas do Ministério voltadas a essa população.

Deu certo. Marcado por emoção – e pela presença de diversos departamentos do Ministério –, o encontro realizado na Sala Lair Guerra do DDAHV foi permeado pelas intensas verdades das muitas ativistas trans presentes ao encontro. “É com muita honra que recebemos convidados tão ilustres para esse bate-papo para compartilhar e discutir conosco os temas inerentes ao Dia da Visibilidade Trans”, disse a diretora-adjunta do DDAHV, Adele Benzaken, ao abrir o encontro, que foi mediado pelos assessores técnicos Lis Pasini (CPAS/DDAHV/SVS/MS) e Andrey Lemos (DAGEP/SVS/MS). “Aqui todos têm direito à voz”, reiterou Adele.

Ao longo de quase três horas, os participantes puderam saber mais sobre as especificidades e as fragilidades que caracterizam essa população – muito além dos problemas de saúde e da extrema vulnerabilidade à infecção pelo vírus HIV. Hoje, as maiores ameaças a essa população são talvez a discriminação e a violência: dados não oficiais atestam que, apenas neste mês de janeiro, 57 pessoas trans foram assassinadas no Brasil. “É preciso muita coragem”, disse o ativista João Nery, reconhecido como o primeiro homem trans brasileiro. “No Brasil, a pessoa trans faz militância até quando vai à esquina.”

O professor de educação física carioca Leonardo Peçanha – homem trans que atua no TransRevolução, Fórum Nacional de Pessoas Trans Negras e no Instituto Brasileiro de Transmasculinidades – reiterou o essencial: “Como seres humanos, somos todos diferentes – esse fato não diz respeito apenas às pessoas trans”.

Há alguns anos, o Ministério da Saúde vem sendo reconhecido como o primeiro a abrir espaço à discussão que cerca o acolhimento e a assistência às pessoas trans.

REDE TRANS– Na manhã desta sexta-feira (29/01), uma comitiva da Rede de Pessoas Trans Brasil (Rede Trans) – liderada pela presidente da Rede, Tathiane Araújo – reuniu-se com Adele Benzaken para fazer uma série de reivindicações. Na pauta do encontro, educação, saúde, direitos humanos, segurança pública, justiça e trabalho. Foram abordados também a iminente oficialização do Dia Nacional da Visibilidade Trans; a futura pesquisa RDS (Respondent Driven Sampling, ou Amostragem Conduzida pelo Entrevistado) a ser realizada pelo DDAHV sobre a população trans no Brasil; a Profilaxia Pós-Exposição; as complicações inerentes à aplicação de silicone industrial no corpo; a qualidade dos Serviços de Atendimento Especializado; e a elaboração de um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para as Populações-Chave, entre outros.

Fonte: http://www.aids.gov.br/noticia/2016/ativistas-e-funcionarios-do-ministerio-da-saude-participam-de-roda-de-conversa-sobre-tr