A PrEP (profilaxia pré-exposição), técnica que consiste no uso de antirretrovirais por pessoas soronegativas para evitar a infecção por HIV, será incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde) até fim deste ano. A declaração foi feita por Adele Benzaken, diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, durante apresentação nesta segunda-feira (18), na 21ª Conferência Internacional de Aids, em Durban (África do Sul). “No primeiro ano, a PrEP estará disponível para dez mil pessoas", anunciou Adele para uma plateia muito atenta à palestra “A política da OMS (Organização Mundial de Saúde) de tratar todos: onde estamos, para onde devemos ir e do que precisamos?", que aconteceu das 17 às 19 horas.
Adele falou logo depois do diretor do Departamento de HIV/Aids da Organização Mundial de Saúde (OMS), Gottfried Hirnschall, que citou o Brasil como exemplo no tratamento para todos os pacientes com HIV/aids. Ela afirmou que o protocolo clínico de incorporação será submeto à consulta pública em agosto.
A diretora fez um breve histórico do tratamento antirretroviral no Brasil – contou que o acesso universal foi adotado em 1996 e a terapia está disponível para todos os diagnosticados, independentemente da contagem do CD4, desde dezembro de 2013.
Outro destaque da fala de Adele foi a atenção à população de travestis e transexuais no Brasil. Ela contou que, pela primeira vez, o país está fazendo uma grande pesquisa para levantar dados sobre prevalência de HIV, hepatites e outras ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) em mulheres transexuais e travestis. "Isso é um avanço, somos um dos poucos países do mundo a obter esta informação", afirmou.
Meta 90-90-90
Adele Benzaken ainda ressaltou as melhoras nos indicadores da aids visando alcançar a meta 90-90-90, do Unaids (Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids), que consiste em diagnosticar 90% da população com HIV até 2030 (o Brasil se comprometeu a bater a meta até 2020), dessas, ter 90% em tratamento e, dessas, 90% com carga viral zerada.
Os números da meta são otimistas, segundo os dados mostrados por ela. Dentro da meta 90-90-90, de 2012 a 2015, o Brasil diagnosticou 87% das pessoas que vivem com HIV; desses, 64% entraram em tratamento e, desses, 90% estão com carga viral suprimida.
Mas Adele ressaltou que, por mais que os indicadores estejam melhorando, ainda há muito o que fazer pelo combate ao HIV. “Temos muitas respostas a dar e, para isso, é fundamental o governo trabalhar em conjunto com a sociedade civil", disse ela.
A Agência de Notícias da Aids cobre a 21ª Conferência Internacional de Aids, em Durban (África do Sul), com apoio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, da DKT do Brasil e da Jansen Farmacêutica.