Portal do Governo Brasileiro

O que é o TELELAB?

O TELELAB é um programa de educação permanente, do Ministério da Saúde, que disponibiliza CURSOS GRATUITOS, cujo público alvo são os profissionais da área de Saúde.

Certificação

Nossos cursos são certificados pela Universidade Federal de Santa Catarina. Clique aqui para saber mais sobre o processo de certificação.

Área do Aluno

Quarta, 16 Janeiro 2019 11:59

Doença de Chagas: uma nova realidade de enfrentamento

Avalie este item
(2 votos)

O consumo de alimentos contaminados com parasitos, como caldo de cana e açaí, é a principal forma de transmissão da doença.

Por muito tempo, a possibilidade de receber uma picada do inseto conhecido como barbeiro e adquirir a Doença de Chagas preocupava a população brasileira. Durante as aulas de ciências, aprendíamos todo o ciclo da doença: o inseto barbeiro infectado picava a pele de uma pessoa e depositava suas fezes na região; ao coçar o local, as fezes contaminadas caiam na corrente sanguínea; e, assim, era transmitida a doença de chagas.

Mas essa realidade mudou. Ações realizadas no controle de vetores ajudaram o Brasil a receber, em 2006, a certificação internacional da interrupção da transmissão vetorial da doença pela principal espécie do inseto, o Triatoma infestans.

Atualmente, a doença é transmitida principalmente pelo contato do ser humano com o ciclo silvestre do inseto, como picadas que acontecem nas zonas de mata e a transmissão oral pela ingestão de alimentos contaminados, explica o coordenador-geral de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Renato Vieira Alves.

“A forma tradicional de transmissão, com o barbeiro colonizando e infestando residências, foi controlada no Brasil. Atualmente, os casos novos registrados acontecem principalmente na região norte do país. Mesmo nesses casos, a transmissão não costuma acontecer nos domicílios, mas na mata. Nessa nova realidade, a transmissão da doença de chagas acontece principalmente pela alimentação, quando em algum momento da produção do alimento existe a contaminação do alimento pelo conteúdo do estômago do inseto”, esclarece Alves.

Entre 2008 a 2017, a maioria dos estados brasileiros registraram casos confirmados de doença de chagas. Entretanto, a maior distribuição, cerca de 95%, concentra-se na região Norte. Destes, o estado do Pará é responsável por 83% dos casos

Consumo de alimentos é a principal forma de transmissão

Em relação às principais formas prováveis de transmissão ocorridas atualmente no país, 72% foram por transmissão oral, 9% por transmissão vetorial e 18% não identificada. “A contaminação alimentar acontece principalmente por caldo de cana, açaí e outros alimentos que são consumidos in natura, sem processo de cozimento”, destaca o coordenador.

De acordo com Alves, os cuidados que devem ser tomados com a doença de Chagas são praticamente os mesmos para qualquer doença transmitida por alimentos.“Por exemplo, ao consumir alimentos desse tipo, procurar por lugares com boa condição de higiene e inspecionados pela vigilância sanitária. Preparando em casa, é importante ter todos os cuidados de higienizar, lavar bem e também, possivelmente, escaldar os frutos antes do consumo. Qualquer tratamento térmico com cozimento acima de 45ºC elimina o perigo de transmissão da doença”, orienta. Por outro lado, o resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a transmissão oral da infecção.

Quanto à transmissão vetorial, a recomendação do Ministério da Saúde é adotar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata ou barreiras físicas nas casas, com telas nas janelas e portas, para evitar a invasão eventual dos vetores.

Ainda existem vestígios do passado

Mas ainda existem marcas do passado bem marcadas na população. Hoje a prioridade para o Ministério da Saúde é ampliar o diagnóstico e acesso ao tratamento para as pessoas infectadas ao longo de décadas de intensa transmissão e que resultaram em estimativa de cerca 1 milhão de pessoas no país atualmente. Nesse sentido, em outubro de 2018 foi publicado o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para a doença. Este documento estabelece os critérios para diagnóstico, tratamento e manejo clínico a serem seguidos pelos gestores do SUS.

O que é a Doença de Chagas?

A doença de Chagas (tripanossomíase americana) é uma condição infecciosa aguda e crônica causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, parasita encontrado em fezes de insetos. Estima-se que existam aproximadamente 12 milhões de portadores da doença crônica nas Américas, e que haja no Brasil, atualmente, pelo menos um milhão de pessoas infectadas. A transmissão da doença de Chagas pode ocorrer de diferentes formas:

• Contato com fezes/e ou urina de triatomíneos (insetos popularmente conhecidos como barbeiro), por via direta (vetorial);
• Ingestão de alimentos contaminados com parasitos;
• Via materno-fetal;
• Transfusão de sangue ou transplante de órgãos;
• Acidentes laboratoriais, pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado.

O período de incubação da Doença de Chagas, ou seja, o tempo que os sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é dividido da seguinte forma:

• Transmissão vetorial – de 4 a 15 dias.

• Transmissão transfusional/transplante – de 30 a 40 dias ou mais.

• Transmissão oral – de 3 a 22 dias.

• Transmissão acidental – até, aproximadamente, 20 dias.

A Doença de Chagas pode apresentar sintomas distintos nas duas fases que se apresenta, que são a aguda, na fase inicial e a crônica, quando os sintomas inicias desaparecem sem tratamento e retornam posteriormente. A fase aguda, que é a mais leve, a pessoa pode apresentar sinais moderados ou até mesmo não sentir nada.

Na fase aguda, os principais sintomas são:

• febre prolongada (mais de 7 dias);
• dor de cabeça;
• fraqueza intensa;
• inchaço no rosto e pernas.

Na fase crônica, a maioria dos casos não apresenta sintomas, porém de 30 a 40% das pessoas podem apresentar, depois de vários anos sem nenhum sinal clínico, formas sintomáticas e potencialmente graves:

• problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca;
• problemas digestivos, como megacolon e megaesôfago.

A Doença de Chagas tem cura e quanto antes for realizado o tratamento melhor. Todo caso diagnosticado deve ter acompanhamento médico e, quando indicado, deve ser tratado com medicação específica, disponível, gratuitamente, no SUS.

Saiba mais: Doença de Chagas: o que é, causas, sintomas, tratamento e prevenção

Fonte: http://www.blog.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=53710&catid=579&Itemid=50218